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Sujeira Mental

Posted by Diana Magnavita on 12:25
"Oi, meu nome é Sandra e eu estou aqui para falar sobre a sujeira mental". A garotinha, que estava vestindo um lindo terninho cor de rosa, pegou o microfone de cima da mesa, onde teria a palestra sobre “ecologia”. Ouvia tanto falar de lixo, sujeira, cidadania, mas não compreendia porque o “lixo interno” não gerava nenhuma discussão. Embora, Sandra fosse uma menina de oito anos, ela já sabia o que gostaria de ser quando crescesse: psicóloga. Tirou de dentro da bolsinha minúscula, um bloquinho e um lápis e caminhou pelo pátio, onde encontrou seu Ptolomeu, um homem negro e idoso, que trabalhava na administração do estádio. Ele questionou o que ela estava fazendo sozinha, e ela com um sorriso cativante respondeu, estou analisando as pessoas. De repente, a mãe de Sandra veio correndo pelo corredor, reclamando por ela ter saído sozinha, sem avisá-la. A menina prontamente, arrumou o vestido e disse em tom médio e decisivo.
- Mamãe, você está neurótica!
                                                                                                              Diana Magnavita

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Os sonhos

Posted by Diana Magnavita on 18:27

Sorria. Você foi escolhido para protagonizar meus sonhos. Ser estranho, sem nome e sem endereço. Eu poderia odiar, mas você deixa o seu cheiro em minha cama. Sinto sua falta, quero estar sempre dormindo e permanecer em seus braços. Talvez, você resolva ficar para o café da manhã e preencha o vazio ao meu lado, na vida real. Seu gosto em meu corpo, seu rosto em meus seios e suas mãos...
Se precisar de ajuda para me encontrar, diga-me em teus sonhos. Deixe-me permear sua vida. Se tudo for loucura, tudo bem! Não me importo de ser incrivelmente esquisita. Você pode me encontrar! Te indicarei os passos, fique atento! Não desperdice chances como essa. Eu posso ter desaparecido em  poucos minutos. Boa noite!
                                                                                                  Diana Magnavita

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Equalizador de vidas.

Posted by Diana Magnavita on 16:36
Você já teve a sensação que as coisas trocaram de lugar? Que as ruas trocaram de nome? O espectador se tornou ator e vice versa? A sensação da inversão de tudo, que o mundo está todo trocado. Trânsito de aviões nas avenidas e engarrafamento de automóveis no ar. Estranho isso, não?
  Estava lendo sobre a loucura, chegando à conclusão de que, louco é aquele que tenta a todo custo manter a sobriedade, mesmo chegando ao íntimo da exaustão. A vida é luta! Alguns lutam mais que outros esses outros podem se dar bem melhor que os que lutam, mas uma coisa é certa: A morte.
  Quando a morte aparece, ela entra porta adentro. Às vezes rápida outras bem lentamente. Mas o fato é que quando ela chega tudo fica trocado. Deve ser pelo lugar que nossa alma habita no universo, ou problemas teológicos.
    Bom, eu, que já morri muitas vezes posso informar que eu estou aqui tentando equalizar minha vida.
                                                                                                            Diana Magnavita

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Alegria

Posted by Diana Magnavita on 18:31
Simplesmente o sol bate em seu rosto e você sorri. E seus amigos estão contigo e outros tentam a vida distante, mas você sabe o quanto significam pra você. E você tem alguém que te diz o que  você deseja ouvir, sentir o que você deseja sentir. Não troco este novo momento da minha vida, por nenhum outro, pois assim, como o passado foi único, o agora é único também. Esta data marca a nova fase de uma vida, uma espécie de renascimento, despertar para o que estava entristecido. São olhos que se abrem para o sonho vertical, numa "escadinha" que só serve para si.

                                                                                                                      Diana Magnavita

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o amor é assim...

Posted by Diana Magnavita on 16:28

O amor é assim: voce caminhando numa multidão e seu olhar se cruzar com o de alguém do outro lado da rua. E você, acredita ser seu ponto de vista. Eis a pessoa da sua vida. Então vocês se amam, se cruzam, se apaixonam, se comem, se cospem e a vida está perfeita assim. Só que toda esta perfeição, toda essa lógica de chapeleiro louco, se desfaz, quando um belo dia, uma moça, chamada rotina, resolve importunar a sanidade do seu relacionamento. Essa é a desculpa do casal, mas na verdade, o que acontece é mais ou menos, como se fosse a primeira vez. O mundo mudou, toda a multidão continuou a caminhar em câmera lenta e seus olhos cruzam o olhar de outra pessoa, enquanto o eu amor se senta com a rotina para uma xícara de chá.
   Longe de você querer magoá-la, então culpando a rotina, tudo ficará mais fácil e, assim, você pode até ganhar um amigo. O amor não é irreversível, é um enigma e pode cruzar e descruzar caminhos a todo tempo, basta você observar com bastante paciência nas mediações da sua vida.
                                                                                                             Diana Magnavita
“Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor.”

Mário Quintana

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Posted by Diana Magnavita on 14:33

Hoje, morri de novo. Todos os dias me torno uma nova pessoa, com nome e identidade diferente. Todos os dias, eu me sinto vazio, mas tento novamente perfurar minhas indecisões com essas fugas de identidade. Hoje, resolvi me matar, porque não saberia viver com um nome desses, com um ciclo social desses, com uma profissão assim. Hoje morri, livremente, e me sinto um recém nascido agora, porque brotaram rosas de dentro da minha boca, foi quando percebi que era meu velório convencional.
Hoje, Jorge Albuquerque Silva e silva, morreu, aos 22 anos, motivo da morte: indeterminada. Então, tornei-me Sávio de Morais Silva e Souza, com 25 anos. E talvez amanhã eu seja Alberto, Mário, Sérgio, ou até mesmo uma mulher.
Diana Magnavita.

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O boicote dos orelhões

Posted by Diana Magnavita on 06:45

"As empresas de telefonia celular estão distribuindo crack aos moradores de rua viciados, para que possam sabotar todos os orelhões do bairro. Desse modo, os moradores de tal bairro seriam obrigados a comprar um celular de qualquer operadora, mas que fosse utilizado tal tecnologia."
O problema, é que às vezes, precisamos urgentemente de um, sabe-se lá deus porque, já que muitas vezes nos encontramos sem o aparelho. Hoje, por exemplo, deixei meu celular carregando em casa e precisava, urgentemente, de um orelhão para uma ligação. Então, fui ao primeiro orelhão, e nada. Corri em passos largos, dando petit jetès pela rua ensolarada, ao segundo orelhão, e mais uma vez não tive sucesso.
Dando saltos acrobáticos, em nível da companhia circense, cirque du soleil, encontrei um terceiro orelhão, e nada! Comecei a me irritar, a babar, a transpirar, naquela manhã ensolarada, extremamente quente, que mais parecia o deserto do Saara. Foi quando avistei um quarto orelhão, e vocês, leitores, não irão acreditar! NADA! N-A-DA!
E assim foi com os quatro orelhões seguintes, que me obrigaram a subir uma ladeira gigantesca, que mais parecia o monte Everest. O sol estava derretendo até mesmo meus tênis e minha boca estava seca, implorando por água, meu queixo batia no asfalto, pois eu estava carregando uma mochila com mais de vinte quilos nas costas, o que complicou, ainda mais a minha situação.
Foi quando uma luz forte ofuscava minha visão, no topo dessa ladeira, que mais parecia uma montanha, e eu, mais assemelhava a um alpinista. Era o sol, lindo e loiro, que estava obstruindo a minha visão, mas por trás dele havia um orelhão que gritava exaustivamente para mim:
- Eu estou funcionando! Eu estou funcionando!
E foi assim que consegui realizar a minha tão importante ligação.

Gostaria de congratular os cidadãos decentes que quebram todos os orelhões e os considera insignificantes, mas esta insignificância pode ser muito útil para alguns, que até mesmo tem um belíssimo aparelho celular, tal como acidentes acontecem, quando você sente aquela dor de barriga dentro do ônibus lotado e você tem que segurar o telegrama até chegar a casa, no trabalho ou no caralho a quatro. Afinal de contas, nós pagamos para que esses objetos insignificantes, (viu delinqüente?). Funcionem para uma necessidade especial e eles não fazem parte da decoração do ambiente, ou nem um pouco parecem ser instalações artísticas ao ar livre.

ps: Aos maus entendedores, o que está entre parênteses não foi retirado de um jornal local, nem de caso de polícia, é uma ironia, uma brincadeira, pois nada tem haver as empresas de telefonia com os orelhões danificados. Só para esclarecer, antes que gere polêmicas. Se é que alguém lê esse blog rs
Diana Magnavita.

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Pseudologia fantástica

Posted by Diana Magnavita on 03:04

      Sentados em um bar Bia e Carlos conversam espontaneamente. O diálogo vai se tornando cada vez mais intimista e isso, deixa Bia um pouco desagradada, já que tem um distúrbio de personalidade anti-social, mas isso nunca pareceu ter interferido de forma tão ameaçadora em sua vida.
- Com quantas pessoas já teve relações sexuais? – Carlos questionou franzindo o cenho.
-umas 20. – Ela respondeu olhando para a xícara de café frio sobre a mesa, respirou fundo e o olhou nos olhos. – E você?
- Perdi totalmente a conta. – Ele disse galhofando.
- Por que os homens sempre tentam impressionar as mulheres com esse papo de “comi todo mundo”? – Ela debochou.
- Não disse isso. Apenas a verdade! – Ele se sacudiu desajeitado na cadeira.

      Será que alguém mentia naquele momento? Carlos pareceu desagradado por diversas vezes com as alfinetadas da garota, mas a única pessoa diagnosticada com distúrbio de personalidade era ela.
Bia tinha vinte e sete anos e se passava por uma jovem de vinte, estudava letras em uma universidade renomada, mas nunca conseguiu passar do 6° semestre. Suas atitudes eram excêntricas, embora for excêntrico seja algo difícil de relatar, quando opiniões divergem, mas ela, conseguia vestir meias verdes com tênis azul e um vestido floral vermelho sangue. Usava uns óculos pequenos em seu rosto, que se escondia por trás do seu enorme nariz desproporcional para o seu conjunto. Embora, assim, Bia não era uma garota feia, era apenas desajeitada. O fato de já ter dormido com vinte caras, era mentira! Bia era virgem, nunca perdeu a virgindade, nem mesmo com tampão. Talvez, tivesse vergonha de admitir isso em público, que jamais houve um relacionamento em sua vida, um ser apaixonado, que a deliciasse de poesia e todo aquele clichê do romance.
       Não era isso que incomodava Bia, não! Ela se achava feliz e desejada, pelo menos ela dizia isso. Todos os rapazes da faculdade eram apaixonados por ela e já tentou namorá-la, um de seus professores a convidou para dormir com ele, nasceu no Chile, seus pais eram parentes diretos de Fidel Castro, seu pai conheceu Che Guevara, sua irmã mais nova nasceu siamesa e seu avô morreu de catarata aos duzentos anos. Sim, ela queria que você acreditasse nisso tudo.
Na verdade, Bia era apenas uma garota solitária, que imaginava como seria sua vida, se não fosse essa. É uma patologia difícil de identificar, já que o paciente não contribui muito e quase sempre negam, suas verdades serem mentiras. Aos poucos, ela se isola do mundo e o mundo vai expulsando ela do eixo de controle e amigos, conhecidos e até mesmo os desconhecidos passaram a tratá-la como, a mentirosa.
Sofria de booling constantemente, isso foi se tornando constrangedor. Bia passou a não querer sair mais de casa, não queria dormir ou comer, mas a sua imaginação estava cada vez mais ativa e quase alucinada.            No dia 20 de setembro de dois mil e dois, segundo a mesma, fora internada em um hospital psiquiátrico e fora diagnosticada com pseudologia fantástica, algo como mentiroso compulsivo. Suas mentiras passaram a fazer parte das células do seu corpo e era, como se precisasse delas para continuar a existir, respirar, viver.
        Ela encontrasse sob observação médica, mostrou-se a pessoa triste que era por dentro e não se exteriorizava. Entregou-se ao estado de inércia e deixou que a respiração lhe faltasse. Depois do dia quinze de fevereiro de dois mil e quatro, todos esqueceram a existência de Bia, ninguém tocava em seu nome, ela caiu no total anonimato, que jamais desejou. Ela fora morta e enterrada para a cidade de Guanambi, onde nasceu, foi esquecida pelos familiares, amigos e inclusive, eu, mas Bia retornou nos meus pensamentos e percebi que estava viva em algum lugar, com outra vida, talvez, mais velha. Poderia ter tido filhos, casado, se curado, ou simplesmente, tido uma overdose daqueles, fortes medicamentos que habitualmente receitam aos pacientes dos centros psiquiátricos. 


DianaMagnavita.




                                                                

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O olhar

Posted by Diana Magnavita on 21:40

Ao assistir a propaganda da Petrobrás, mais recente, percebi que há uma exploração por parte do olhar, que ante qualquer gesto ou movimento possa confabular uma atitude, os olhos estão atentos e nos alertando da cena seguinte. Através disso, pude desenvolver algum estudo a respeito do olhar, ao inicio o olhar simples, aquele que não foi trabalhado ao longo de um estudo, teatral, artístico, ou seria melhor, virgem. Aquele olhar do elevador, onde cada qual olha para um ponto estático evitando o constrangimento do olhar nos olhos de um alguém que mal nos conhece. Por quê? O olhar pode nos denunciar? Pode mostrar nossos medos, preconceitos, sofrimentos e anseios.
No estudo de artes cênicas é muito trabalhado o olhar, o foco para onde se olha, faz parte da interpretação do ator-bailarino. No entanto, se uma personagem deseja se mostrar casta, pura, ameaçada por uma curiosidade e medo ao receber em sua frente o corpo de um outro ser para sua primeira atividade sexual. Seus gestos devem estar sincronizados com estas informações. Casta, pura, romântica, ansiosa e ao mesmo tempo assustada. Sem verbalizar, o que nos vai transmitir essas sensações? Os gestos e, principalmente o olhar. Se cruzarmos demais os braços, por exemplo, e olharmos para o alto, aparentaria uma freira orando, talvez pedindo perdão pelo seu pecado. Ou algo que levaria ao alto do céu, da religião. Que não seria a proposta dada pelo diretor.
O que quero dizer que a potência do olhar nos diz muito do que nós somos e pretendemos. Sendo muito mais que uma função fisiológica e pode ser mais forte que a própria linguagem verbal. Às vezes nossos atos e palavras não condizem aos nossos olhares. Dizem, que o olhar não mente, é um universo vasto, misterioso e místico. O famoso olho gordo, por exemplo, olho de inveja, de desejos falsos e muitas vezes maléficos. O olhar simples e inocente, o olhar malicioso, bondoso, excitante, sedutor, olhar de desejo, vontade de possuir alguma coisa, olhar intransigente, ansioso, evasivo, triste, solitário, perseguidor, tirano.
Portanto o olhar, como morada da alma, documenta o fluxo universal, pessoal e social, que permeia ao redor da história. Nos olhos históricos que observam as construções e como a evolução molda a existência. O olhar é uma linguagem, muito mais do que se pensa, e pode transformar reações, entregar réu e vítimas. Se soubermos olhar mais diretamente nos olhos dos nossos semelhantes, como nos exercícios de artes cênicas, se nos fosse mais fácil, e nem tanto intimista, devido ao medo de ser descoberto e até ruborizar, como se algo estivesse a ser desvendado, não temeríamos tanto, o olho a olho dos elevadores da vida. E quem sabe assim, nos sentiríamos menos prisioneiros de nós mesmos para nos doar a aquela que mal sabemos quem são, mas pelos gestos, movimentos e olhares, podem traduzir mais que mil palavras. Portanto, o verbo hoje é perceber.                                                                       
                                                                                                             Diana Magnavita.
                                                                                                                    
                                              O comercial que me inspirou:
                                                                                                                 

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Uma carta, um e-mail, ou apenas, relato sentimental sobre o amor eterno...

Posted by Diana Magnavita on 19:32
     Caminhei por altas horas, meu corpo estava aberto e levemente entorpecido. Não sei quanto tempo caminhei, pois não sei contar em pensamentos. Meus pés estavam inchados de tanto testar possibilidades em utilizá-lo, estava cansada já, mas ainda havia a esperança nos movimentos dos corpos. Foi quando lembrei que o professor disse para trazer meu sofrimento para minha arte. Qual é o meu, finalmente, sofrimento? Angustio-me constantemente sem causa alguma, desespero-me por motivos variavelmente mutáveis.
      Tudo só depende de mim, mas eu sou um corpo que pensa e sente, mas está doente da vontade. Embora ela exista, a luta é como se me cortasse em pedaços. Sei que não vou fracassar diante da minha arte, mas não estou sofrendo para que ela exista. Estou sofrendo por amor. O amor cortou minha alma, me deu tudo que eu queria, como um demônio em um pacto sangrento. O amor lambeu-me toda e levou tudo que eu tinha, mas eu já não tinha nada. Eu era um corpo desesperado, triste, vazio, que não acreditava que o amor poderia mudar alguma simples coisa em minha vida.
  O amor mata! O amor é uma doença degenerativa e quanto mais você ama, você vicia nessa coisa estranha que é estar sempre amando, aquela pessoa, que te levou tudo e pagou-lhe com tudo que tinha. O amor não é apenas maus fluidos, o amor é um botão de rosa, mas também é a morte desta. E o amor é coisa mais bela que se pode existir nesse mundo, quando se tem sinceridade, mas o amor é taciturno ao ser rompido pelo ser amado ou ainda separado pela morte.
O amor leva ao êxtase, leva a sensações inimagináveis, mas é uma faca de dois gumes. Um dia, simplesmente, sem um motivo qualquer, ele pode buscar outros olhares, e julga ter sido eterno enquanto durou. O amor lava a alma e a chuta na lama. E ainda que se tente prever, os oráculos, também amam e sofrem por ele. O amor não gosta de repetições, ele é mutável, sempre e continuamente. O amor não acomoda, ele quer sempre algo mais, ele se move lentamente ou vorazmente e do mesmo jeito se desfaz.
Eis o amor, meu maior defeito. Eu amo demais, eu não sofro por amor, mas eu sou uma mulher que ama demais. Eu não sou infeliz, mas só sou feliz quando estou ao lado de quem amo. O amor é uma montanha russa, cheia de emoções, mas quando a sessão termina, a vida volta a ser a mesma, sempre, ou não.
         Não sou do tipo, que sofre por amor, nem por falta dele, mas quando de fato amo meu corpo não parece responder a minha razão. Eu me entrego tão completamente que me assusta o fato de um dia tudo desaparecer e eu estiver, ali, sozinha, sem esse tão profundo amor. Amar é bom, e se por algum motivo este amor se dissolver, ele estará em minha lembrança, como o melhor amor que já tive e a melhor experiência, mais feliz, mesmo que não seja eterno, mesmo que me prepare para o fim, irei inspirar até a ultima gota do seu cheiro, para que daqui a 50 anos possa recordar tão belo foi o nosso amor.
                                                                                                                  Diana Magnavita

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À espera do espetáculo

Posted by Diana Magnavita on 15:34
       Sentada à terceira fileira no centro do teatro, aguardo ansiosamente para o inicio. A sensação de se estar na platéia, obviamente, é diferente de se estar no palco, qualquer que seja sua localização neste, porém estar de espectador não é menos emocionante.
      Aos poucos o mundo some, ao baixar a luz delicadamente. Cada centímetro ao seu lado é apenas escuridão e o centro do mundo está no palco, quando lentamente as cortinas se abrem e a iluminação se faz sobre este.
      É uma sensação que estamos, cada um de nós, espectadores, solitários. Assistindo alguém que nada sabe sobre nós, mas o silencio nos permite pensar que eles estão ali se mostrando exclusivamente, embora saibamos que o teatro esteja de ponta a ponta lotado, ainda assim, é como se eles me vissem e só eu existisse ali, naquele momento.
      A melhor parte do espetáculo, para o artista, são os aplausos, para o espectador, é aquele momento que o real, é deixado de lado e esquecido, substituído por uma encenação de uma vida desconhecida e tão parecida, que nos emociona e nos agride, certas vezes. Eis a melhor parte do espetáculo, observar a luz se apagando e as cortinas se abrindo para explorar um lugar que jamais fora conhecido, pela maioria dos espectadores.
Diana Magnavita

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Sonho de infância...

Posted by Diana Magnavita on 19:08

O acidente ocorrido em vinte quatro de fevereiro de dois mil e dez envolvendo uma treinadora e a famosa Orca de nome, Tilikum, me trouxe lembranças incríveis da minha infância. Não, eu não fui arrastada para dentro de um tanque pelos cabelos, obviamente, mas meu sonho de infância era exatamente o que Dawn Brancheau fazia. Ser treinadora de Orcas. Me indigna os textos que tenho encontrado pela internet e me indigna mais ainda tratarem o animal como “baleia assassina”.
   Em primeiro lugar uma orca, ou orcinus orca é um animal da família Delphinidae(ordem dos cetáceos). Mas o que isso significa? A ORCA é um golfinho de grande porte por assim dizer. O nome baleia assassina surgiu da tradução errada de asesina de ballenas (assassina de baleias), nome dado pelos marinheiros espanhóis na versão inglesa killer whale(baleia assassina).
   A orca não é esse animal aterrorizante que está sendo pregado por ai, mas esses animais gigantescos são fortes e podem se alimentar de um jovem tubarão branco. O que nos faz acreditar que possa ser muito violenta. Não podemos esquecer que os golfinhos também são capazes de matar um tubarão branco dando cabeçadas, pois são muito fortes e ágeis ao contrario dos nossos colegas tubarões que são violentos mas não tão rápidos quanto esses bichos.
    Bom, ao contrario de Dawn Brancheau, eu fui crescendo e pesquisando a respeito das orcas e percebi que Seaworld não era um mundo mágico e perfeito onde animais e homens conviviam pacificamente. Chegaram a me contar que não eram animais de verdade, mas eu vi, eram sim. Eles eram tão reais quanto eu mesma. Senti uma indignação ao saber que aqueles bichos eram arrancados do seu habitat natural, privados de sua liberdade para entreter comedores de fast-foods.
   Como seria se você fosse uma orca de cinco toneladas e fosse trancafiada em um tanque tão pequeno á ponto de ressecar sua barbatana? O nível de estresse que esses animais vivem é indiscutível. Pessoas gritando, batendo palmas, isso confunde a cabeça do animal. É deprimente que ainda se chame o animal de assassino.
   Quando tilikum arrastou a mulher para o fundo do tanque, ele não tinha noção de que a mulher não iria respirar. Vamos pensar com mais tranqüilidade. O único animal que sabe sobre os limites dos demais seres é o homem, não é porque esse bicho tem inteligência que faz dele um ser racional. Ele não assassinou uma pessoa, mas cometeu um acidente.
    O fato de Tilikum não ser afastado das suas funções nada tem haver com sua inocência e sim com os gastos e principalmente os lucros que ele sustenta dentro do seaworld. Devolver esse e outros animais ao seu habitat natural os levaria a morte, mas definitivamente parque aquático, deveria ser extinto, assim como aberrações genéticas deixaram de ser atrações principais de circo. Sim, animal também tem sentimentos e sensações, eles só não expressam da mesma forma que nós. Lugar de animal selvagem é em seu habitat e não em um tanque ou em uma jaula para entreter o mundinho sem graça dessas pessoas que se divertem com esses espetáculos cretinos. Podem ser bonitos e intrigar, mas não se iluda, não é correto. A beleza desses animais está em sua liberdade e sua inteligência e brincadeiras são cativantes, são bem treinados e fazem coisas inimagináveis, até admiro a coragem dos treinadores que dedicam suas vidas a estarem ali ao lado daqueles bichos enormes e tão graciosos, porém não há nada de lindo e emocionante ao privar o dom inato dos animais selvagens, a sua liberdade. Cada coisa em seu devido lugar.
   Por isso, hoje, eu prefiro não ver uma orca a ter que vê-la em cativeiro, se eu nunca vir pelo menos eu sei que ela está no seu lugar vivendo e sobrevivendo pelo fundo dos oceanos, comendo peixes e até mesmo outras baleias, mas no seu ambiente natural. E não divertindo a mente dos hipócritas que riem e compram camisetas com as fotos de Shamu, Lolita, assim como outros animais que sofreram as mesmas injustiças.
    Não se engane ao pensar que isso é amor porque o amor liberta. Então, Dawn, quem matou não foi Tilikum e sim ela mesma ao se envolver em uma atividade duvidosa. A natureza não é de brincadeira, mas o homem insiste em querer dominá-la e é por isso que o planeta está com os dias contados. A morte de uma treinadora não vai mudar Seaworld, não vai mudar o mundo, mas pode nos fazer refletir a respeito e dizermos que somos contra o aprisionamento de animais selvagens independente de suas espécies.

http://www.orcafree.org/


                                                                                                      Diana Magnavita

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Sobre o grupo Corpo...

Posted by Diana Magnavita on 18:55
Embora eu já conhecesse o Grupo Corpo pude assistir com olhar mais apurado e perceber detalhes antes despercebido e com olhos leigos. Foi importante para mim conhecer esses trabalhos e vê-los comentados por um professor e analisar para enriquecer meu vocabulário artístico e criativo. Uma das coisas que mais me atraíram além da perfeição dos bailarinos foi a iluminação e os figurinos. Percebi o quanto são importantes esses componentes para que haja clareza entre o diálogo bailarino-espectador. Isso torna o ambiente menos abstrato para o público.
O balé que mais me identifiquei foi Bach, embora eu tenha gostado de todos. Para mim, classificar um balé preferido do Grupo corpo é como ter que escolher um espetáculo preferido do Cirque du soleil, um filme ou música favoritas e isso se torna dificílimo quando você gosta muito de alguma coisa. Eu elegi Bach o meu preferido especialmente porque encontrei vários elementos que me lembravam espetáculos do cirque du soleil, partes suspensas, o figurino e a iluminação. Alem de que sou fã de música clássica.

O balé Lecuona me chamou bastante atenção pelos duos, que eu adoro, onde transformam movimentos clássicos e se percebe passagens pelo tango e outras danças de salão. Algo muito lindo de se apreciar e com certeza de grande significância para mim e serviu para me motivar ainda mais nos estudos de dança contemporânea.
Diana Magnavita

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Nemo

Posted by Diana Magnavita on 17:46

   Acordei às 7h da manhã me lembrando de uma situação que vivi no final do mês passado. Estava embaixo de uma árvore em frente ao mar, sobre uma esteira grande, com dois amigos e um violão. Conversas e risadas num final de tarde gostoso de quarta feira de cinzas. Um dos amigos veio segurando entre as mãos um filhote de pardal que havia caído do ninho. Um animal pequeno e delicado que estava fadado à morte. Enquanto este animal estava acolhido às mãos, dois pardais adultos e um mais jovem sobrevoavam nossas cabeças desesperados. Era a família, pensei. Deveríamos ajudá-los a salvar seu filhote. No meu coração apertou uma angústia em saber que aquele filhotinho dependia de nós para que continuasse vivo.
     Colocamos o Pardal no gramado enquanto pensávamos em como solucionar seu problema, enquanto isso, os pardais adultos davam vôos rasantes entre nós e o filhote. O animal frágil e delicado mostrou-se persistente e aplicado em suas tentativas pouco eficientes de subir no tronco de um coqueiro. Durante esse tempo que o observamos, o pai lhe dava as coordenadas para que pudesse repetir. Todas tentativas sem êxito, mas o pequeno Nemo, como o apelidamos, não desistia nunca. Um exemplo de coragem e vontade, lutando para se atingir um objetivo. Naquele momento, ninguém percebeu, mas meus olhos encheram de lágrimas, pois atribui a mim as qualidades do bichinho, ou pelo menos usei como modelo para minha vida.
    Quem diria que um animal tão pequeno e delicado poderia me ensinar a voar em meus sonhos, persistir em meu caminho, enfrentar os meus medos de fracassar, medo de errar inúmeras vezes. Não foram as sessões de terapia que me devolveram a imensa vontade de correr atrás da minha felicidade, de lutar em meio aos caminhos escuros e assustadores e nos momentos que acreditei estar só estava alguém muito importante zelando por mim, mas não influenciava minhas escolhas, tais como os pardais adultos que faziam a proteção do seu filhote.
     Aquele foi o filme mais límpido, sutil e exclusivo que meus olhos poderiam apreciar, já que não é todo dia que podemos ver uma fêmea de pardal alimentar sua cria e assistir a todas as tentativas do animalzinho a chegar ao seu objetivo. Então, levantei e fui até o filhote que estava escondido entre pedras e mato. Aproximei um tanto sem jeito e falei baixinho com ele que me observava atentamente como se entendesse minhas palavras.
    Os pardais adultos sobrevoavam aflitos cada vez que alguém se aproximava do filhotinho. Eu dei a idéia de colocá-lo encima da árvore maior para que ele pudesse ficar próximo aos pais e não corresse risco de ser comido por outro animal, morto por alguém perverso ou até mesmo ser atropelado.
     O macho pardal tornou a lhe dar as coordenadas e de repente o filhote deu um pequeno vôo desengonçado, como o primeiro passo de dança na vida de uma criança ou arremesso de uma bola, as primeiras notas em um instrumento musical, a primeira frase escrita, com a letrinha descoordenada. Foi o primeiro de muitos vôos, o vôo pela vida, uma luta cheia de barreiras que foram superadas e aplaudida de pé.
                                       Diana Magnavita

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Ser ou não ser? Eis a questão...

Posted by Diana Magnavita on 19:00
    Imagina você sendo acordado no meio da noite, sendo arrancado da sua cama, do seu humilde sono e arrastado dentro de sua própria casa até a porta de entrada por homens fardados, que dizem estar cumprindo a lei. Nesse momento você se pergunta: o que poderia ter feito para estar sendo levado por policiais no meio da noite. Provavelmente coisa boa você não deve ter feito, ou não.
   Seu crime? Homossexualidade. Você que adormeceu pensando ser alguém normal, acorda condenado à morte. Isso mesmo, condenado à morte e não é uma metáfora. Após ser “flagrado” com condutas sexuais anormais e ser denunciado por vizinhos de suas atitudes “marginalizadas” sua vida será ceifada. Seu corpo apodrecerá sem nenhum prestígio e sua alma queimará nas profundezas do inferno.
   Como se não bastasse o preconceito contra homossexuais natural do ser humano, a estranheza da sociedade, a tentativa de opinar sem nada saber dos homens que se diziam cultos. Taxados de doentes, anormais, serem ridicularizados com humor negro e ainda terem fama de promíscuos, disseminadores da HIV, solitários e outras coisas mais. De entretenimento ridicularizado, espalhafatoso, galhofa à pena de morte.
   Enquanto alguns países buscam a melhoria de vida entre casais do mesmo sexo, em Uganda estuda-se a implantação à pena de morte para homossexuais. E isso não pára em Uganda não. Diversos países do oriente médio e África utilizam a mesma metodologia de punição. Seriam os gays criminosos? Quem está errada? A fé cristã e seus valores morais? A libertinagem do progresso social? No final, a certeza no ar, deveríamos estar a favor desse regime “nazista”? Até que ponto o preconceito entre os povos irá disseminar ódio e dor entre os cidadãos.
   Essa punição doentia está longe de ser uma solução. E os homossexuais precisam de um tratamento? Só se busca tratamento quando se está doente. Imagina só, você entrando em uma farmácia para comprar uma medicação “homossexualítico”. Um remédio a fim de combater essa grave doença que está infestando nossos jovens.
   Para o cientista italiano, Umberto Veronesi, como processo evolutivo natural das espécies o ser humano tende a se tornar bissexual. Em entrevista a jornais italianos, Veronesi afirma os fatores hormonais como indicadores da evolução à bissexualidade. Essa teoria tem gerado muitas polêmicas. Existem os defensores como, por exemplo, a professora de sexologia da Universidade La Sapienza de Roma, Chiara Simonelli. O antropólogo Fiorenzo Facchini, da Universidade de Bolonha não concorda com a previsão de Veronesi: "Do ponto de vista antropológico, a orientação sexual é definida a nível biológico pela espécie e isto não pode ser alterado".
   Essa discussão é algo que está longe de ser resolvida, novas descobertas estão por vir, mas uma coisa se sabe: Homossexuais são seres humanos, tem sentimentos, dores e sensações, amam e sofrem. Enquanto Veronesi aprofunda sua pesquisa, os homossexuais vão ganhando seu espaço e tentam vencer os preconceitos, o restante da sociedade começa a exercitar o respeito ao próximo e nada mais justo do que ser incentivado dentro dos próprios templos religiosos. “ Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós”. (Mateus, VII: 1-2).


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Monstros sem cabeça

Posted by Diana Magnavita on 16:46
        “Amo o público, mas não o admiro. Como indivíduos, sim. Mas, como multidão, não passa de um monstro sem cabeça” (Charles Chaplin). Ao exibir essa frase em alguma página que não me recordo mais, lembrei-me instantaneamente de sensações cor de cinza que fixavam em minha mente como tinta no papel ao me posicionar diante do público. Sentia como se estivesse sendo despida lentamente, uma vergonha corava-me a face e me fazia transpirar. Não sei ao certo se essa reação era proveniente do refletor que queimava meus olhos e ardia minha pele, como se fosse arrancá-la dos músculos ou a timidez excessiva que flutuava e impregnava pelos meus poros.
       Sou tão estranha, Pensei. “Sim, você é estranha, você é dramática, você se move como uma pessoa fraca.” Uma voz que não era a minha respondia. Eu estava aflita com toda luz expandindo sobre mim e em minha frente à escuridão caia sobre tudo que ali estivesse e não fosse eu. Eu brilhava, eu crescia, eu existia! Então, gritei! Não sou fraca, não sou estranha, sou diferente! Não houve resposta.
       Uma ebulição de sentimentos tomou conta do meu corpo, do meu ser e possuía-me e não era lentamente que minhas roupas eram removidas, era arrancada com força e agredia minha alma. Eu estava completamente exposta e seria julgada. A voz, agora materializada segurava um microfone e anunciava minha sentença. Centenas de corpos sem rostos gritavam e falavam alto e aplaudiam e eu não podia perceber o que eles realmente pensavam, achavam, diziam ou faziam. Eu não tinha olhos, pois os refletores havia me cegado. Eu escorregava lentamente pelo assoalho e movia com ternura, mas sentia medo de entregar minha alma em meio a multidão desconhecida.  
      Estou sozinha, pensei comigo mesma. Estou abandonada e perdida, condenada à morte. Entregue ao julgamento dos monstros sem cabeça. Minhas mãos tremiam, meu corpo inteiro tremia, eu sentia medo, insegurança, talvez. De repente minha ansiedade dissolvia e uma euforia descarregada do meu corpo pintava as paredes com cores vivas. Eu sentia a minha verdade expandida em meu peito. Eu via, minha solidão diante da multidão e ela era linda. Ela me mostrava ser humano e mais que um monstro sem cabeça, eu era real. Eu tinha vida! E as cortinas me cobriram escondendo meu corpo despido, devolvendo meu anonimato; Aplausos

                                                                                                               Diana Magnavita.

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Tensão pós-moderna

Posted by Diana Magnavita on 14:27
Você já acordou um dia com a impressão que o mundo estava conspirando contra você? Que tudo dava errado? Sua mãe, esposa, cachorro, vizinho te irritam constantemente? Parabéns, você é mais uma vitima da TPM.
O mundo moderno tem se mostrado uma faca de dois gumes. A cada dia mais se ouve dizer que alguém está estressado, deprimido, neurótico. São as doenças da modernidade. Ao contrário do que se pensa a TPM não está restrita apenas às “Ladies”, não tem restrição de idade, nem sexo. Trata-se da Tensão pós-moderna, ou pós-modernidade, como o leitor deseja chamar.
Máquinas, tecnologia, descobertas cientificas, necessidade de se obter mais conhecimentos, mais dinheiro, mais e sempre mais. Essa disputa pela liderança trouxe uma série de preocupações ao ser humano. Entre as crianças a necessidade de se obter as novas febres mundiais. Quem nunca desejou a melhor boneca ou carrinho? E a mídia nos entope com propagandas que nos faz acreditar que não poderíamos viver sem esses recursos. Entre os jovens não é diferente. O estresse do estudo, do trabalho, a pressão do vestibular e ainda a necessidade de ser jovem, de possuir a roupa da moda, o xampu do momento, celulares, cortes de cabelo e enfim. Tudo girando entorno do ter. Isso leva esses jovens à se tornarem adultos exigentes e dependentes dessa modernidade que cria e destrói estereótipos.
E se de repente tudo acabasse? Tivéssemos que viver como na época das cavernas? Será que nós conseguiríamos nos adaptar a essa regressão tecnológica? Será que o homem moderno conseguiria suportar a escuridão da ausência de energia elétrica? O banho primitivo substituindo o banho de chuveiro elétrico? Há quem diga que não suportaria não ter celular. É apenas uma reflexão um tanto caótica, que não faz parte apenas de um roteiro de ficção.
A tensão pós-modernidade nos leva a atropelar velhinhos mancos na calçada e criticar àqueles que não tenham tanta agilidade ou que talvez não esteja correndo contra o tempo para se tornar um líder. Faz-nos desperceber as pequenas coisas e nos preocupar demais com detalhes insignificantes, nos torna exigente com nós mesmos e os outros e nos irrita quando estamos errados ou somos contrariados.
E desse modo, somos marionetes de uma sociedade que nos afasta uns dos outros, individualizando-nos e nos fazendo sentir seguros assim, com amigos virtuais quase imaginários em um planeta extenso trancamos a porta e restringimos nosso espaço diante de uma “máquina inteligente”, aprisionados em um cômodo por vontade própria.
Enquanto isso a modernidade possui corpos, se apodera deles e os manipula sem que possa ser percebido. Uma linguagem não verbal com o mundo, uma pausa para o silencio, entre quatro paredes em reflexão. Uns vão, outros voltam, uns vibram e outros choram e assim funciona o mecanismo da enorme máquina social. E assim corremos contra o tempo, atrás do trem que constantemente muda de ponto, obrigando-nos a correr ainda mais. O ponto muda sempre, mas a tensão permanece.
Diana Magnavita

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