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O olhar
Posted by Diana Magnavita
on
21:40
Ao assistir a propaganda da Petrobrás, mais recente, percebi que há uma exploração por parte do olhar, que ante qualquer gesto ou movimento possa confabular uma atitude, os olhos estão atentos e nos alertando da cena seguinte. Através disso, pude desenvolver algum estudo a respeito do olhar, ao inicio o olhar simples, aquele que não foi trabalhado ao longo de um estudo, teatral, artístico, ou seria melhor, virgem. Aquele olhar do elevador, onde cada qual olha para um ponto estático evitando o constrangimento do olhar nos olhos de um alguém que mal nos conhece. Por quê? O olhar pode nos denunciar? Pode mostrar nossos medos, preconceitos, sofrimentos e anseios.
No estudo de artes cênicas é muito trabalhado o olhar, o foco para onde se olha, faz parte da interpretação do ator-bailarino. No entanto, se uma personagem deseja se mostrar casta, pura, ameaçada por uma curiosidade e medo ao receber em sua frente o corpo de um outro ser para sua primeira atividade sexual. Seus gestos devem estar sincronizados com estas informações. Casta, pura, romântica, ansiosa e ao mesmo tempo assustada. Sem verbalizar, o que nos vai transmitir essas sensações? Os gestos e, principalmente o olhar. Se cruzarmos demais os braços, por exemplo, e olharmos para o alto, aparentaria uma freira orando, talvez pedindo perdão pelo seu pecado. Ou algo que levaria ao alto do céu, da religião. Que não seria a proposta dada pelo diretor.
O que quero dizer que a potência do olhar nos diz muito do que nós somos e pretendemos. Sendo muito mais que uma função fisiológica e pode ser mais forte que a própria linguagem verbal. Às vezes nossos atos e palavras não condizem aos nossos olhares. Dizem, que o olhar não mente, é um universo vasto, misterioso e místico. O famoso olho gordo, por exemplo, olho de inveja, de desejos falsos e muitas vezes maléficos. O olhar simples e inocente, o olhar malicioso, bondoso, excitante, sedutor, olhar de desejo, vontade de possuir alguma coisa, olhar intransigente, ansioso, evasivo, triste, solitário, perseguidor, tirano.
Portanto o olhar, como morada da alma, documenta o fluxo universal, pessoal e social, que permeia ao redor da história. Nos olhos históricos que observam as construções e como a evolução molda a existência. O olhar é uma linguagem, muito mais do que se pensa, e pode transformar reações, entregar réu e vítimas. Se soubermos olhar mais diretamente nos olhos dos nossos semelhantes, como nos exercícios de artes cênicas, se nos fosse mais fácil, e nem tanto intimista, devido ao medo de ser descoberto e até ruborizar, como se algo estivesse a ser desvendado, não temeríamos tanto, o olho a olho dos elevadores da vida. E quem sabe assim, nos sentiríamos menos prisioneiros de nós mesmos para nos doar a aquela que mal sabemos quem são, mas pelos gestos, movimentos e olhares, podem traduzir mais que mil palavras. Portanto, o verbo hoje é perceber.
Diana Magnavita.
O comercial que me inspirou:
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