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Ser ou não ser? Eis a questão...

Posted by Diana Magnavita on 19:00
    Imagina você sendo acordado no meio da noite, sendo arrancado da sua cama, do seu humilde sono e arrastado dentro de sua própria casa até a porta de entrada por homens fardados, que dizem estar cumprindo a lei. Nesse momento você se pergunta: o que poderia ter feito para estar sendo levado por policiais no meio da noite. Provavelmente coisa boa você não deve ter feito, ou não.
   Seu crime? Homossexualidade. Você que adormeceu pensando ser alguém normal, acorda condenado à morte. Isso mesmo, condenado à morte e não é uma metáfora. Após ser “flagrado” com condutas sexuais anormais e ser denunciado por vizinhos de suas atitudes “marginalizadas” sua vida será ceifada. Seu corpo apodrecerá sem nenhum prestígio e sua alma queimará nas profundezas do inferno.
   Como se não bastasse o preconceito contra homossexuais natural do ser humano, a estranheza da sociedade, a tentativa de opinar sem nada saber dos homens que se diziam cultos. Taxados de doentes, anormais, serem ridicularizados com humor negro e ainda terem fama de promíscuos, disseminadores da HIV, solitários e outras coisas mais. De entretenimento ridicularizado, espalhafatoso, galhofa à pena de morte.
   Enquanto alguns países buscam a melhoria de vida entre casais do mesmo sexo, em Uganda estuda-se a implantação à pena de morte para homossexuais. E isso não pára em Uganda não. Diversos países do oriente médio e África utilizam a mesma metodologia de punição. Seriam os gays criminosos? Quem está errada? A fé cristã e seus valores morais? A libertinagem do progresso social? No final, a certeza no ar, deveríamos estar a favor desse regime “nazista”? Até que ponto o preconceito entre os povos irá disseminar ódio e dor entre os cidadãos.
   Essa punição doentia está longe de ser uma solução. E os homossexuais precisam de um tratamento? Só se busca tratamento quando se está doente. Imagina só, você entrando em uma farmácia para comprar uma medicação “homossexualítico”. Um remédio a fim de combater essa grave doença que está infestando nossos jovens.
   Para o cientista italiano, Umberto Veronesi, como processo evolutivo natural das espécies o ser humano tende a se tornar bissexual. Em entrevista a jornais italianos, Veronesi afirma os fatores hormonais como indicadores da evolução à bissexualidade. Essa teoria tem gerado muitas polêmicas. Existem os defensores como, por exemplo, a professora de sexologia da Universidade La Sapienza de Roma, Chiara Simonelli. O antropólogo Fiorenzo Facchini, da Universidade de Bolonha não concorda com a previsão de Veronesi: "Do ponto de vista antropológico, a orientação sexual é definida a nível biológico pela espécie e isto não pode ser alterado".
   Essa discussão é algo que está longe de ser resolvida, novas descobertas estão por vir, mas uma coisa se sabe: Homossexuais são seres humanos, tem sentimentos, dores e sensações, amam e sofrem. Enquanto Veronesi aprofunda sua pesquisa, os homossexuais vão ganhando seu espaço e tentam vencer os preconceitos, o restante da sociedade começa a exercitar o respeito ao próximo e nada mais justo do que ser incentivado dentro dos próprios templos religiosos. “ Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós”. (Mateus, VII: 1-2).


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Monstros sem cabeça

Posted by Diana Magnavita on 16:46
        “Amo o público, mas não o admiro. Como indivíduos, sim. Mas, como multidão, não passa de um monstro sem cabeça” (Charles Chaplin). Ao exibir essa frase em alguma página que não me recordo mais, lembrei-me instantaneamente de sensações cor de cinza que fixavam em minha mente como tinta no papel ao me posicionar diante do público. Sentia como se estivesse sendo despida lentamente, uma vergonha corava-me a face e me fazia transpirar. Não sei ao certo se essa reação era proveniente do refletor que queimava meus olhos e ardia minha pele, como se fosse arrancá-la dos músculos ou a timidez excessiva que flutuava e impregnava pelos meus poros.
       Sou tão estranha, Pensei. “Sim, você é estranha, você é dramática, você se move como uma pessoa fraca.” Uma voz que não era a minha respondia. Eu estava aflita com toda luz expandindo sobre mim e em minha frente à escuridão caia sobre tudo que ali estivesse e não fosse eu. Eu brilhava, eu crescia, eu existia! Então, gritei! Não sou fraca, não sou estranha, sou diferente! Não houve resposta.
       Uma ebulição de sentimentos tomou conta do meu corpo, do meu ser e possuía-me e não era lentamente que minhas roupas eram removidas, era arrancada com força e agredia minha alma. Eu estava completamente exposta e seria julgada. A voz, agora materializada segurava um microfone e anunciava minha sentença. Centenas de corpos sem rostos gritavam e falavam alto e aplaudiam e eu não podia perceber o que eles realmente pensavam, achavam, diziam ou faziam. Eu não tinha olhos, pois os refletores havia me cegado. Eu escorregava lentamente pelo assoalho e movia com ternura, mas sentia medo de entregar minha alma em meio a multidão desconhecida.  
      Estou sozinha, pensei comigo mesma. Estou abandonada e perdida, condenada à morte. Entregue ao julgamento dos monstros sem cabeça. Minhas mãos tremiam, meu corpo inteiro tremia, eu sentia medo, insegurança, talvez. De repente minha ansiedade dissolvia e uma euforia descarregada do meu corpo pintava as paredes com cores vivas. Eu sentia a minha verdade expandida em meu peito. Eu via, minha solidão diante da multidão e ela era linda. Ela me mostrava ser humano e mais que um monstro sem cabeça, eu era real. Eu tinha vida! E as cortinas me cobriram escondendo meu corpo despido, devolvendo meu anonimato; Aplausos

                                                                                                               Diana Magnavita.

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Tensão pós-moderna

Posted by Diana Magnavita on 14:27
Você já acordou um dia com a impressão que o mundo estava conspirando contra você? Que tudo dava errado? Sua mãe, esposa, cachorro, vizinho te irritam constantemente? Parabéns, você é mais uma vitima da TPM.
O mundo moderno tem se mostrado uma faca de dois gumes. A cada dia mais se ouve dizer que alguém está estressado, deprimido, neurótico. São as doenças da modernidade. Ao contrário do que se pensa a TPM não está restrita apenas às “Ladies”, não tem restrição de idade, nem sexo. Trata-se da Tensão pós-moderna, ou pós-modernidade, como o leitor deseja chamar.
Máquinas, tecnologia, descobertas cientificas, necessidade de se obter mais conhecimentos, mais dinheiro, mais e sempre mais. Essa disputa pela liderança trouxe uma série de preocupações ao ser humano. Entre as crianças a necessidade de se obter as novas febres mundiais. Quem nunca desejou a melhor boneca ou carrinho? E a mídia nos entope com propagandas que nos faz acreditar que não poderíamos viver sem esses recursos. Entre os jovens não é diferente. O estresse do estudo, do trabalho, a pressão do vestibular e ainda a necessidade de ser jovem, de possuir a roupa da moda, o xampu do momento, celulares, cortes de cabelo e enfim. Tudo girando entorno do ter. Isso leva esses jovens à se tornarem adultos exigentes e dependentes dessa modernidade que cria e destrói estereótipos.
E se de repente tudo acabasse? Tivéssemos que viver como na época das cavernas? Será que nós conseguiríamos nos adaptar a essa regressão tecnológica? Será que o homem moderno conseguiria suportar a escuridão da ausência de energia elétrica? O banho primitivo substituindo o banho de chuveiro elétrico? Há quem diga que não suportaria não ter celular. É apenas uma reflexão um tanto caótica, que não faz parte apenas de um roteiro de ficção.
A tensão pós-modernidade nos leva a atropelar velhinhos mancos na calçada e criticar àqueles que não tenham tanta agilidade ou que talvez não esteja correndo contra o tempo para se tornar um líder. Faz-nos desperceber as pequenas coisas e nos preocupar demais com detalhes insignificantes, nos torna exigente com nós mesmos e os outros e nos irrita quando estamos errados ou somos contrariados.
E desse modo, somos marionetes de uma sociedade que nos afasta uns dos outros, individualizando-nos e nos fazendo sentir seguros assim, com amigos virtuais quase imaginários em um planeta extenso trancamos a porta e restringimos nosso espaço diante de uma “máquina inteligente”, aprisionados em um cômodo por vontade própria.
Enquanto isso a modernidade possui corpos, se apodera deles e os manipula sem que possa ser percebido. Uma linguagem não verbal com o mundo, uma pausa para o silencio, entre quatro paredes em reflexão. Uns vão, outros voltam, uns vibram e outros choram e assim funciona o mecanismo da enorme máquina social. E assim corremos contra o tempo, atrás do trem que constantemente muda de ponto, obrigando-nos a correr ainda mais. O ponto muda sempre, mas a tensão permanece.
Diana Magnavita

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