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Solilóquios

Posted by Diana Magnavita on 09:03


Caros,


Toda vez que tento me explicar, eu me arrependo do que disse anteriormente.  Sou impulsiva a ponto de nem eu mesma entender o porque daquilo que disse e às vezes se justificar pode não ter tanta importância. É simples, eu vejo tudo como algo simples que permeia minha verdade. Verdade essa, que nem eu mesma consigo encontrar. No momento tudo parece tão claro, mas com o passar do tempo, uma onda de pensamentos me fazem perceber que tudo o que aconteceu foi uma ilusão causada por minha ansiedade.
O que busco da vida? O que busco dos outros? O que procuro todo o tempo, quando na verdade pareço não estar procurando nada? Vivo com fome de ”sincericídio”, de intensidades e ao mesmo tempo sinto uma necessidade de me manter no superficial, mas o superficial é chato, é raso demais para alguém como eu. Alguém curioso que, como Alice, não pensa duas vezes antes de se jogar na toca do coelho, sem saber onde aquele caminho vai levar. Mais ou menos por isso que procuro focar, numa tentativa, muitas vezes falha, de manter essa ansiedade escondida de tudo. Nem sempre é possível, ela dá aquelas escapulidas e depois me mata de vergonha! É sempre assim, fato.
Existem coisas em minha vida que não consigo explicar, que não consigo encarar de frente e dizer: Fiz, porque quis. Me senti bem assim e etc. Não! Eu fico frustrada porque aquilo era o que eu queria no momento, mesmo que esse momento dure dois anos, e depois me envergonho por ser diferente, que por mais que eu tente seguir a partir de então o convencional, eu estarei marcada com aquele acontecimento. E se revelo  me sinto despida, me sinto frágil por ter me exposto a tal ponto.
Meus segredos precisam ser mantidos para que eu não me frustre, mas alguns segredos precisam ser revelados para que me sinta compreendida, mas aquilo mancha, marca, como tatuagem e me faz sentir menos esperta, menos confiante, menos semelhante, mais estranha. Uma pessoa que foi marcada por algo, que ainda que não seja proibido, ainda que não seja humilhante ou errado, se sente como se tivesse cometido um crime, um pecado imenso, uma anormalidade e prefere tentar apagar. Em algum momento isso vem à tona e mais uma vez sinto vontade de sumir para um lugar onde ninguém me conheça e eu possa esquecer quem fui nos últimos dois anos.  Como se tivesse esse poder.
Uma nova possibilidade de enxergar foi aberta em minha consciência, mas nem mesmo eu aceito, até mesmo eu me confundo, mesmo eu grito comigo mesma pedindo que tudo seja apenas um pesadelo e quando eu acordar tudo estará em seu devido lugar e por outro lado, me recordo, o quão feliz estive durante esse tempo, o quanto descobri sobre mim e sobre outras pessoas. O quanto descobri sobre se arriscar sem medo das consequências e no final eu me arrependo do que aprendi, eu me envergonho do que descobri e me perco numa tentativa de esmagar tudo que passou como forma de me sentir mais normal e abafar minha covardia.
Acredito que estou sufocada demais para pensar algo. Quero dar um foda-se e dizer que escolhi o caminho que me sinto confortável e se de repente ele mudar não terei receio, mas eu prefiro manter tudo do jeito que está. 

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