0

Quantas coisas de lá pra cá, você já conseguiu?

Posted by Diana Magnavita on 22:17

Não sei se já consegui alguma coisa... Terminar o 2º grau e entrar na universidade. Acho que ganhei alguma coisa no teatrinho quando era pequena e fazia espetáculos de dança e teatro e escrevia textos e alguns livros que nunca serão publicados... E fiz um filme tbm "a menina câncer" que quem nunca assistiu jamais poderá ver pois se perdeu no tempo... Caí de bicicleta de encontro à um ônibus e  vi meu cachorro morrer. Muitas vezes me pergunto se tudo isso está no meu corpo, em minhas células. Devorei muitos livros, filmes e pessoas e procurei ter um estímulo no filme da minha vida. Cantei em alguns lugares e escrevi algumas canções que nunca serão cantadas. Vesti muitas roupas, gastei muitos sapatos, tive mil cabelos e um único coração e mesmo que eu esquecesse que ele existia, ele vibrava em meu peito numa intensidade que me causava taquicardia. Pensei nos pobres, nos oprimidos,  nos ditadores, nos séculos passados, e nos que estariam por vir e me senti impotente ao saber que não poderia mudar o mundo.

Beijei algumas bocas... Algumas que me lembro perfeitamente e outras que não! Amei, achei que amei e chorei várias vezes e sorri pelo menor motivo. Tive o coração partido e colado algumas vezes e parti alguns deixando seus pedaços pelo caminho. Me senti usada, amada, abusada, ao averso. Usei e abusei de verdades e mentiras. Tornei as coisas fáceis demais e muitas vezes quão complicas eram e nem eu poderia compreender.  Me arrependi de atitudes impensadas e de atitudes pensadas demais. Sonhei acordada enquanto a realidade sonhada passava bem próximo e eu não a agarrei pois estava sonhando. Levei socos, murros pontapéis, me recompus, tornei a cair e dei algumas porradas. Ganhei muitos amigos e perdi pessoas amadas. Fui inocente, fui cruel, fui maldosa. Saltei de muitos precipícios e também empurrei alguns à beira do abismo. Suei e fiz suar. Sofri e fiz sofrer. Várias vezes me suicidei, me anulei e também me amei. Fui linda, fui feia. Fui gorda e magra. Comi pouco e comi muito.  Bebi no gargalo da garrafa de vinho, vodka, rum... Menos tequila! Fumei muitos cigarros... Muitos mesmos... Dancei muito, não tanto como gostaria, por minhas próprias desavenças comigo  mesma.

Não quero ser feita de lembranças, nem quero perder a juventude,mas o tempo parece que está com pressa de acabar e isso me assusta! Tudo muito rápido! Faróis rápidos! Sonos rápidos, trânsitos em velocidade da luz... E eu no meio de tudo isso... Tentando achar a pulsação certa,  não perder o tom, não cair no sono... Na estafa.

E esses sonhos?  E esses medos? Lá na frente terão sentido? Por volta da sua velhice, irá lembrar com lágrimas os 30 anos passados?

Se correr contra o tempo já é complicado, correr atrás dele perdido é possível? A velocidade do tempo... A velocidade do tempo. Ele passa, ele corre, ele voa... Pensamos que estamos intactos até nos percebermos no espelho e então, sabemos o quanto de tempo que se foi. Tempos aproveitados, ou não. Ele nunca está no mesmo lugar, ele passa e leva tudo...

Eu vou correndo no ritmo do tempo, causando essa disritmia... e vou empurrando meu peso contra o tempo, jogando tudo que posso suportar, mas o tempo se alimenta de nossa juventude, como um vampiro que se alimenta de sangue. E é a nossa juventude que o torna imortal.


0 Comments

Postar um comentário

Copyright © 2009 Eu escrevo errado por linhas certas? All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive.