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Sonho de infância...

Posted by Diana Magnavita on 19:08

O acidente ocorrido em vinte quatro de fevereiro de dois mil e dez envolvendo uma treinadora e a famosa Orca de nome, Tilikum, me trouxe lembranças incríveis da minha infância. Não, eu não fui arrastada para dentro de um tanque pelos cabelos, obviamente, mas meu sonho de infância era exatamente o que Dawn Brancheau fazia. Ser treinadora de Orcas. Me indigna os textos que tenho encontrado pela internet e me indigna mais ainda tratarem o animal como “baleia assassina”.
   Em primeiro lugar uma orca, ou orcinus orca é um animal da família Delphinidae(ordem dos cetáceos). Mas o que isso significa? A ORCA é um golfinho de grande porte por assim dizer. O nome baleia assassina surgiu da tradução errada de asesina de ballenas (assassina de baleias), nome dado pelos marinheiros espanhóis na versão inglesa killer whale(baleia assassina).
   A orca não é esse animal aterrorizante que está sendo pregado por ai, mas esses animais gigantescos são fortes e podem se alimentar de um jovem tubarão branco. O que nos faz acreditar que possa ser muito violenta. Não podemos esquecer que os golfinhos também são capazes de matar um tubarão branco dando cabeçadas, pois são muito fortes e ágeis ao contrario dos nossos colegas tubarões que são violentos mas não tão rápidos quanto esses bichos.
    Bom, ao contrario de Dawn Brancheau, eu fui crescendo e pesquisando a respeito das orcas e percebi que Seaworld não era um mundo mágico e perfeito onde animais e homens conviviam pacificamente. Chegaram a me contar que não eram animais de verdade, mas eu vi, eram sim. Eles eram tão reais quanto eu mesma. Senti uma indignação ao saber que aqueles bichos eram arrancados do seu habitat natural, privados de sua liberdade para entreter comedores de fast-foods.
   Como seria se você fosse uma orca de cinco toneladas e fosse trancafiada em um tanque tão pequeno á ponto de ressecar sua barbatana? O nível de estresse que esses animais vivem é indiscutível. Pessoas gritando, batendo palmas, isso confunde a cabeça do animal. É deprimente que ainda se chame o animal de assassino.
   Quando tilikum arrastou a mulher para o fundo do tanque, ele não tinha noção de que a mulher não iria respirar. Vamos pensar com mais tranqüilidade. O único animal que sabe sobre os limites dos demais seres é o homem, não é porque esse bicho tem inteligência que faz dele um ser racional. Ele não assassinou uma pessoa, mas cometeu um acidente.
    O fato de Tilikum não ser afastado das suas funções nada tem haver com sua inocência e sim com os gastos e principalmente os lucros que ele sustenta dentro do seaworld. Devolver esse e outros animais ao seu habitat natural os levaria a morte, mas definitivamente parque aquático, deveria ser extinto, assim como aberrações genéticas deixaram de ser atrações principais de circo. Sim, animal também tem sentimentos e sensações, eles só não expressam da mesma forma que nós. Lugar de animal selvagem é em seu habitat e não em um tanque ou em uma jaula para entreter o mundinho sem graça dessas pessoas que se divertem com esses espetáculos cretinos. Podem ser bonitos e intrigar, mas não se iluda, não é correto. A beleza desses animais está em sua liberdade e sua inteligência e brincadeiras são cativantes, são bem treinados e fazem coisas inimagináveis, até admiro a coragem dos treinadores que dedicam suas vidas a estarem ali ao lado daqueles bichos enormes e tão graciosos, porém não há nada de lindo e emocionante ao privar o dom inato dos animais selvagens, a sua liberdade. Cada coisa em seu devido lugar.
   Por isso, hoje, eu prefiro não ver uma orca a ter que vê-la em cativeiro, se eu nunca vir pelo menos eu sei que ela está no seu lugar vivendo e sobrevivendo pelo fundo dos oceanos, comendo peixes e até mesmo outras baleias, mas no seu ambiente natural. E não divertindo a mente dos hipócritas que riem e compram camisetas com as fotos de Shamu, Lolita, assim como outros animais que sofreram as mesmas injustiças.
    Não se engane ao pensar que isso é amor porque o amor liberta. Então, Dawn, quem matou não foi Tilikum e sim ela mesma ao se envolver em uma atividade duvidosa. A natureza não é de brincadeira, mas o homem insiste em querer dominá-la e é por isso que o planeta está com os dias contados. A morte de uma treinadora não vai mudar Seaworld, não vai mudar o mundo, mas pode nos fazer refletir a respeito e dizermos que somos contra o aprisionamento de animais selvagens independente de suas espécies.

http://www.orcafree.org/


                                                                                                      Diana Magnavita

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Sobre o grupo Corpo...

Posted by Diana Magnavita on 18:55
Embora eu já conhecesse o Grupo Corpo pude assistir com olhar mais apurado e perceber detalhes antes despercebido e com olhos leigos. Foi importante para mim conhecer esses trabalhos e vê-los comentados por um professor e analisar para enriquecer meu vocabulário artístico e criativo. Uma das coisas que mais me atraíram além da perfeição dos bailarinos foi a iluminação e os figurinos. Percebi o quanto são importantes esses componentes para que haja clareza entre o diálogo bailarino-espectador. Isso torna o ambiente menos abstrato para o público.
O balé que mais me identifiquei foi Bach, embora eu tenha gostado de todos. Para mim, classificar um balé preferido do Grupo corpo é como ter que escolher um espetáculo preferido do Cirque du soleil, um filme ou música favoritas e isso se torna dificílimo quando você gosta muito de alguma coisa. Eu elegi Bach o meu preferido especialmente porque encontrei vários elementos que me lembravam espetáculos do cirque du soleil, partes suspensas, o figurino e a iluminação. Alem de que sou fã de música clássica.

O balé Lecuona me chamou bastante atenção pelos duos, que eu adoro, onde transformam movimentos clássicos e se percebe passagens pelo tango e outras danças de salão. Algo muito lindo de se apreciar e com certeza de grande significância para mim e serviu para me motivar ainda mais nos estudos de dança contemporânea.
Diana Magnavita

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Nemo

Posted by Diana Magnavita on 17:46

   Acordei às 7h da manhã me lembrando de uma situação que vivi no final do mês passado. Estava embaixo de uma árvore em frente ao mar, sobre uma esteira grande, com dois amigos e um violão. Conversas e risadas num final de tarde gostoso de quarta feira de cinzas. Um dos amigos veio segurando entre as mãos um filhote de pardal que havia caído do ninho. Um animal pequeno e delicado que estava fadado à morte. Enquanto este animal estava acolhido às mãos, dois pardais adultos e um mais jovem sobrevoavam nossas cabeças desesperados. Era a família, pensei. Deveríamos ajudá-los a salvar seu filhote. No meu coração apertou uma angústia em saber que aquele filhotinho dependia de nós para que continuasse vivo.
     Colocamos o Pardal no gramado enquanto pensávamos em como solucionar seu problema, enquanto isso, os pardais adultos davam vôos rasantes entre nós e o filhote. O animal frágil e delicado mostrou-se persistente e aplicado em suas tentativas pouco eficientes de subir no tronco de um coqueiro. Durante esse tempo que o observamos, o pai lhe dava as coordenadas para que pudesse repetir. Todas tentativas sem êxito, mas o pequeno Nemo, como o apelidamos, não desistia nunca. Um exemplo de coragem e vontade, lutando para se atingir um objetivo. Naquele momento, ninguém percebeu, mas meus olhos encheram de lágrimas, pois atribui a mim as qualidades do bichinho, ou pelo menos usei como modelo para minha vida.
    Quem diria que um animal tão pequeno e delicado poderia me ensinar a voar em meus sonhos, persistir em meu caminho, enfrentar os meus medos de fracassar, medo de errar inúmeras vezes. Não foram as sessões de terapia que me devolveram a imensa vontade de correr atrás da minha felicidade, de lutar em meio aos caminhos escuros e assustadores e nos momentos que acreditei estar só estava alguém muito importante zelando por mim, mas não influenciava minhas escolhas, tais como os pardais adultos que faziam a proteção do seu filhote.
     Aquele foi o filme mais límpido, sutil e exclusivo que meus olhos poderiam apreciar, já que não é todo dia que podemos ver uma fêmea de pardal alimentar sua cria e assistir a todas as tentativas do animalzinho a chegar ao seu objetivo. Então, levantei e fui até o filhote que estava escondido entre pedras e mato. Aproximei um tanto sem jeito e falei baixinho com ele que me observava atentamente como se entendesse minhas palavras.
    Os pardais adultos sobrevoavam aflitos cada vez que alguém se aproximava do filhotinho. Eu dei a idéia de colocá-lo encima da árvore maior para que ele pudesse ficar próximo aos pais e não corresse risco de ser comido por outro animal, morto por alguém perverso ou até mesmo ser atropelado.
     O macho pardal tornou a lhe dar as coordenadas e de repente o filhote deu um pequeno vôo desengonçado, como o primeiro passo de dança na vida de uma criança ou arremesso de uma bola, as primeiras notas em um instrumento musical, a primeira frase escrita, com a letrinha descoordenada. Foi o primeiro de muitos vôos, o vôo pela vida, uma luta cheia de barreiras que foram superadas e aplaudida de pé.
                                       Diana Magnavita

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