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Tensão pós-moderna
Posted by Diana Magnavita
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14:27
Você já acordou um dia com a impressão que o mundo estava conspirando contra você? Que tudo dava errado? Sua mãe, esposa, cachorro, vizinho te irritam constantemente? Parabéns, você é mais uma vitima da TPM.
O mundo moderno tem se mostrado uma faca de dois gumes. A cada dia mais se ouve dizer que alguém está estressado, deprimido, neurótico. São as doenças da modernidade. Ao contrário do que se pensa a TPM não está restrita apenas às “Ladies”, não tem restrição de idade, nem sexo. Trata-se da Tensão pós-moderna, ou pós-modernidade, como o leitor deseja chamar.
Máquinas, tecnologia, descobertas cientificas, necessidade de se obter mais conhecimentos, mais dinheiro, mais e sempre mais. Essa disputa pela liderança trouxe uma série de preocupações ao ser humano. Entre as crianças a necessidade de se obter as novas febres mundiais. Quem nunca desejou a melhor boneca ou carrinho? E a mídia nos entope com propagandas que nos faz acreditar que não poderíamos viver sem esses recursos. Entre os jovens não é diferente. O estresse do estudo, do trabalho, a pressão do vestibular e ainda a necessidade de ser jovem, de possuir a roupa da moda, o xampu do momento, celulares, cortes de cabelo e enfim. Tudo girando entorno do ter. Isso leva esses jovens à se tornarem adultos exigentes e dependentes dessa modernidade que cria e destrói estereótipos.
E se de repente tudo acabasse? Tivéssemos que viver como na época das cavernas? Será que nós conseguiríamos nos adaptar a essa regressão tecnológica? Será que o homem moderno conseguiria suportar a escuridão da ausência de energia elétrica? O banho primitivo substituindo o banho de chuveiro elétrico? Há quem diga que não suportaria não ter celular. É apenas uma reflexão um tanto caótica, que não faz parte apenas de um roteiro de ficção.
A tensão pós-modernidade nos leva a atropelar velhinhos mancos na calçada e criticar àqueles que não tenham tanta agilidade ou que talvez não esteja correndo contra o tempo para se tornar um líder. Faz-nos desperceber as pequenas coisas e nos preocupar demais com detalhes insignificantes, nos torna exigente com nós mesmos e os outros e nos irrita quando estamos errados ou somos contrariados.
E desse modo, somos marionetes de uma sociedade que nos afasta uns dos outros, individualizando-nos e nos fazendo sentir seguros assim, com amigos virtuais quase imaginários em um planeta extenso trancamos a porta e restringimos nosso espaço diante de uma “máquina inteligente”, aprisionados em um cômodo por vontade própria.
Enquanto isso a modernidade possui corpos, se apodera deles e os manipula sem que possa ser percebido. Uma linguagem não verbal com o mundo, uma pausa para o silencio, entre quatro paredes em reflexão. Uns vão, outros voltam, uns vibram e outros choram e assim funciona o mecanismo da enorme máquina social. E assim corremos contra o tempo, atrás do trem que constantemente muda de ponto, obrigando-nos a correr ainda mais. O ponto muda sempre, mas a tensão permanece.
Diana Magnavita